Departamento de Enfermagem Histórico
Departamento de Enfermagem da SBHCI
Sua trajetória inserida na Cardiologia Intervencionista
O Departamento de Enfermagem em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – DEHCI, está ligado a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI, de acordo com seu Estatuto, aprovado em Assembleia Geral Ordinária em 1997. O Departamento é uma entidade sem fins lucrativos, de caráter científico-cultural, que congrega os enfermeiros e outros profissionais de enfermagem que atuam nos serviços de hemodinâmica e angiocardiografia do país. Tem como finalidade à promoção de eventos científicos que incentive o desenvolvimento profissional dos associados e o inter-relacionamento com associações congêneres, apoio à produção e divulgação de temas de reconhecido interesse para a enfermagem, promoção da capacitação de recursos humanos através da certificação da especialização na área da enfermagem em hemodinâmica.
Pautado em princípios éticos e de conformidade com suas competências, associa-se com as demais organizações da enfermagem com vista ao desenvolvimento social e científico da profissão. Tem como referência à consolidação da enfermagem como prática social, essencial na assistência e na organização e funcionamento dos serviços de saúde. Tem como compromisso ético e técnico propor programas que visem à qualificação assistencial e que permitam maior grau de qualidade dos serviços prestados a saúde da população.
A fundação do Departamento partiu de alguns colegas que na época participavam dos Congressos do Departamento Médico de Hemodinâmica da SBC. Com o objetivo de congregar os enfermeiros, discutir temas de interesse da enfermagem e realizar um evento voltado aos enfermeiros, foi realizado a 1ª Jornada Brasileira de Enfermagem em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista em Natal – RN, em 1996, quando foi eleita a primeira diretoria do departamento.
No ano seguinte (1997), com o apoio do Dr. José Armando Mangione, Presidente da então SBHCI, e por solicitação dos enfermeiros, foi apresentada a proposta e aprovado a criação do Departamento de Enfermagem, na Assembleia Geral Ordinária do XIX Congresso da SBHCI, em Belo Horizonte.
Muitos foram os profissionais que apoiaram está iniciativa, entre eles enfermeiros dos serviços de Hemodinâmica mais expressivos do país, enfermeiros atuantes na indústria e médicos chefes de serviços de hemodinâmica, mas o fundamental foi à determinação e o empenho dos enfermeiros fundadores e que até hoje atuam na área trazendo a sua contribuição e engrandecimento a profissão. O nosso reconhecimento e homenagens foram realizados na X Jornada Brasileira de Enfermagem e XVII Congresso da SBHCI, realizado em Goiânia em 2005, no aniversário de 10 anos de fundação do Departamento de Enfermagem.
Represento hoje, uma geração de enfermeiras que nasceu junto com a Hemodinâmica
Enfª. Célia Benetti
Uma das fundadoras do Departamento de Enfermagem da SBHCI
Em 1970, surgia na cardiologia um método para diagnosticar as doenças do coração através da introdução de cateteres. O número de salas de Hemodinâmica era pequeno e se concentrava em alguns hospitais de São Paulo, sendo eles: INCOR (Instituto do Coração), IDPC (Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese), BP (Beneficência Portuguesa), HCor (Hospital do Coração) e Hospital São Paulo que eram comandados pelo Dr. José Eduardo de Souza, Dr. Arie Shiguemitsu e Dr. Oscar Pimentel Portugal.
Nessa época havia apenas três cateteres: Sones para estudo das artérias coronárias, angiográfico para contrastar as grandes cavidades e Lehman para medidas de pressão nos pacientes valvulares e congênitos.
Nessa época não havia Congressos, pouquíssimas eram as trocas de informações, as CCIHs (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) nem sempre interagiam com o Setor de Hemodinâmica e nós caminhávamos aprendendo com nossas próprias pernas, baseados na vivência e evidência do dia a dia.
Na década de 1980 surgiram as Angioplastias e o aparato era tão grande que nos assustava. O manômetro era insuflado com ar comprimido através de um sistema parecido com uma metralhadora, o torpedo de ar comprimido permanecia em sala e a insuflação dependia de um operador a parte e não paramentado. Cateteres balão, conectores em Y e todos os outros acessórios eram extremamente escassos e nós aprendemos a lavar, conservar e “esterilizá-los”.
As angioplastias foram evoluindo à medida que a tecnologia desenvolvia novos devices, técnicas e essa evolução era avassaladora. Cuidar do paciente deixou de ser nosso foco alvo, pois já dominávamos bem essa arte e passamos a nos concentrar nos materiais e procedimentos inovadores como Aterectomia, Rotablator, Laser e outros até a chegada dos Implantes de Stent. A cardiologia intervencionista crescia a passos largos e precisávamos acompanhar esse crescimento, estávamos atentos em todos os momentos. Volto a dizer: aprendemos através da vivência do dia a dia. Nesse período o serviço de Hemodinâmica já se espalhava pelo Brasil, através dos residentes do Dr. José Eduardo Souza, Dr. Ariê e Dr. Portugal.
Nos anos de 1990, um grupo de enfermeiros liderados por São Paulo, Irian, Jane, Viviane (IDPC), Irineia e Vilmeire (Incor), Teresa Cristina (Unicor), Márcia Tozzi e Aparecida (Hospital São Paulo), eu do HCor, juntamente com alguns colegas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Nordeste já trocávamos ideias sobre Enfermagem em Hemodinâmica, nasceu então à necessidade de criar um departamento.
Discutimos durante dois anos, buscamos apoio dos médicos com quem trabalhávamos. Alguns não foram adeptos do nosso movimento, mas com persistência em 1996 fundamos em Natal, durante a I Jornada da Enfermagem, presidida pela Enf. Celina, o Departamento De Enfermagem em Hemodinâmica.
Assim nasceu nosso departamento, se solidificou ao longo desses anos. Trocávamos nossos conhecimentos, nossas experiências em como fazer, como tratar e isso só fez crescer cientificamente.
Começamos a apresentar trabalhos de acordo as novas técnicas, novos devices, novos tratamentos como a chegada dos implantes de stents. Preocupamo-nos cada vez mais com assistência de enfermagem prestada aos nossos pacientes, os seus sintomas suas reações frente aos procedimentos, novos medicamentos, a mudança da técnica (Sones - Judkins) e suas complicações.
A cada jornada o nosso coração pulsava forte
O que apresentar, o que discutir, o incentivo às novas pesquisas, trabalhos, temas, livros. Essa troca de informações nos enriquecia e enriquece cada dia mais, nos tornando fortes e ganhando credibilidade dentro sociedade médica.
Hoje, discutimos as melhores práticas, assistência de enfermagem ao paciente, como gerenciar nossa unidade de negócio, administrando consumo dos materiais e realizando gestão e desenvolvimento de pessoas. Falamos sobre o gerenciamento de risco através de eventos adversos, discutimos sobre qualidade, excelência no atendimento aos nossos clientes (pacientes/médicos) e sua experiência frente ao tratamento prestado.
Somos um grupo consolidado, nossa experiência está sustentada através do conhecimento crescente, baseado em práticas aplicadas, habilidades técnicas e em atitudes de liderança. Temos representatividade na SBHCI e na SOLACI, onde alguns membros do nosso departamento fazem parte como fundadores e de comissões científicas.
Temos um defeito grave: fazemos muito, escrevemos pouco, publicamos quase nada, precisamos divulgar e publicar nossos trabalhos, pois se não divulgamos não poderemos contestar depois.
Devemos divulgar e publicar nossos trabalhos, isso com certeza contarão pontos para a obtenção de título de especialista.
Hoje um sonho, no futuro quem sabe...
Por que não uma realidade? Somos capazes.
Quais critérios? Como consegui-lo?
Tempo de experiência e publicações? Prova título? Honorário saber?
A quem caberá à responsabilidade da prova de título?
São perguntas que ficam no ar, talvez quem sabe, o departamento saiba como fazer ou a fórmula correta.
Muito obrigada
Enfª. Célia Benetti